Fragmentos II

Tem andado um pouco difícil escrever, não por não ter assunto, minto... a falta de assunto também é tema.

Eu quero escrever, debitar tudo mas tudo num texto e sentir-me aliviada. Por norma é assim que me sinto com a escrita, a partir do momento que o assunto se encontra redigido foi assimilado e esquecido.

O problema é, não tem como se falar dele. A imaginação toma posse e tudo o que é real foi fruto da minha cabeça criativa. Já estou a quebrar o tabu, o peso já se dilui.

Preciso de ir de férias, nestas alturas do ano é tudo o que o meu corpo e mente pedem. O esquecer vai ser mais fácil, posso mentir a mim mesma, posso acreditar noutras versões, posso desmistificar completamente a personagem. Coisa que já tem acontecido bastante nos últimos dias.

Não procurar, não querer saber. Entender que certos filmes foram apenas isso. E foram. Sou uma pessoa criativa e às vezes essa criatividade pode-se tornar uma maldição, especialmente quando um personagem existe na tua imaginação e sabes que o tens que deixar ir, mas encontraste tão apegada a esse personagem que o deixar ir se torna uma tortura. Mas tens que deixar ir.

O problema em questão é que ao criares o personagem começas a ter uma ligação a ele: saber os sues gostos, as suas rotinas, as conversas sem assunto e pouco interessantes mas que te faziam companhia, sabes o país, a que horas acorda, quais foram as suas batalhas na vida... e por vezes até têm pontos em comum.

Eu não sou escritora da ficção, neste momento, até ponho em causa se sou escritora de qualquer coisa que seja. Mas desenvolvi um personagem uma pessoa imaginativa que desde à um mês ele se ausentou das minhas páginas e eu aos poucos dou-lhe um final.

Os meus textos, hoje em dia, não andam muito coesos, sei que tenho vindo a divagar mais que o habitual. As metamorfoses são um resultado disso mesmo, o reflexo da minhas mente que se retrai e dilui e se envolve com outras temáticas, que vai buscar assuntos e liga, desliga e transforma em outros resultados. Talvez esteja a enlouquecer e não sei, talvez esteja só a ficar mais calada e observadora sabendo que existem assuntos que são indiferentes a sua discussão.

Talvez seja apenas e só isso, indiferença a muitas das coisas que se vão passando ao meu redor.