Metamorfoses
- Irina Marques
- 15 de mai.
- 1 min de leitura

Metamorfoses
No silêncio branco da tela desperta
uma dança de formas que não são o que eram —
círculos que sonham com asas,
triângulos que se dobram em peixes.
Cada cor murmura um passado esquecido,
o azul recorda o voo,
o vermelho, a queda,
e o amarelo...
o instante em que ambos se tornam um só.
Há criaturas de riso geométrico
que se contorcem em busca de nome,
mas os nomes escorrem pelas linhas
como tinta que já não quer saber do contorno.
Uma espiral sussurra ao quadrado:
“Fui estrela, depois lágrima,
agora sou apenas caminho.”
E o quadrado, cansado, encolhe-se em pássaro.
Tudo se move — mesmo parado —
nesta explosão de silêncios e gritos,
onde cada figura se transmuta
como se o tempo fosse apenas
uma invenção da forma.
E nós, do outro lado da tela,
também mudamos um pouco —
sem saber se fomos olho, asa ou asa de olhar,
mas certos de que algo em nós
também deixou de ser
para começar a ser de novo.
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