top of page

Pensamentos avulsos no Alfa Pendular

Atualizado: 2 de dez. de 2024

Escrevo esta entrada sentada no Alfa Pendular, carruagem 6 lugar 46 com vista para a janela, a caminho de Lisboa numa viagem que irá tomar três horas do meu tempo. E quando não se tem nada para fazer, digamos, apenas escrever e desenhar - opta-se então por passar o tempo nestas actividades.


Ontem referi a inspiração que tenho no Fantasma da Ópera. Ontem ao falar com uma amiga minha, numa conversa ao café matinal sobre este assunto, ela disse-me que eu a inspirava. Confesso que foi um espanto para mim, sou uma pessoa simples eu, inspirar alguém foi algo de surpreendente.


O que ela me disse, quando perguntei o porquê de a inspirar, foi que é fã dos meus trabalhos artísticos - os quais já adquiriu bastantes, e da minha forma de ser. Que no decorrer da aprendizagem que ela está a ter comigo muito provavelmente alguns dos meus trabalhos poderiam servir de inspiração e ter alguns traços semelhantes.


Eu nunca me imaginei ser uma pessoa que inspirasse alguém, tenho demasiados defeitos e sou demasiado introspetiva apenas falo com poucas pessoas mas, pelos vistos, as que falo sentem-se inspiradas e motivadas.


A minha amiga é a minha professora de violino - andamos em aulas mútuas eu com ela e ela comigo. Dou algumas dicas para desenho e pintura e neste momento estamos no processo das mandalas.


O outro dia no almoço da festa de anos de uma outra amiga, também teceu alguns comentários aprazíveis a meu respeito. O que novamente me fez ficar sem jeito e agradecida.


Confesso que não me considero uma pessoa de muitas amizades, sou sociável à primeira vista, mas isso não quer dizer que faça amizades com facilidade - para mim amizade é uma construção de vários momentos partilhados com outras pessoas e é normal que apenas, após anos, é que consideramos as pessoas amigas.


Quanto às minhas inspirações, obviamente que sou inspirada pela minha professora de violino - ela é uma profissional que tem o meu respeito e no campo da pintura, uma aluna esforçada com vontade de aprender e progredir.


Mas se for a falar de pessoas que me inspiram sou um pouco reservada, apesar de dizer que um artista plástico é inspirado por toda a sua envolvência tenho uma pouca reservas. Facto é, há coisas que definitivamente não me inspiram e até retiram inspiração - guerras, fomes, pessoas que ficam sem casa, sem família, pessoas doentes - somos empurrados para este mundo e é a realidade em que vivemos mas queremos andar adormecidos e anestesiados então tapamos os olhos e distraimo-nos com as mais diversas coisas sem sentido.


Confesso que em termos contemporâneos muito poucas pessoas me inspiram, se é que nenhuma mesmo. O mundo está saturado de tudo e o que vemos já não é propriamente novidade alguma - já foi escrito, falado, abordado, composto, desconstruído, saturado. Até mesmo este texto não trás conteúdo novo, digamos que os meus escritos, são apenas registos pequenos.


Hoje vou a caminho de Lisboa e lembro-me de pessoas, locais, situações, vivências e sinto-me grata de quem me rodeia e dos poucos amigos que tenho especialmente por me dizerem palavras tão carinhosas. Num mundo onde já ninguém elogia ninguém.

Posts recentes

Ver tudo

Comments


Commenting on this post isn't available anymore. Contact the site owner for more info.
bottom of page